Foi recentemente inaugurada a obra de pavimentação do espaço
envolvente à capela (e respectivo adro) do Senhor Bom Jesus, no Monte de
Francos.
Trata-se de uma obra que altera a fisionomia – dá-lhe um
rosto diferente -, mas também a funcionalidade deste local.
Há quem classifique esta obra como “um marco importante” e quem a considere, apenas, uma forma de
exposição, aproveitamento e vaidade. Existe, igualmente, quem aponte alguns
erros cometidos neste espaço, antes, durante e após a implementação deste projecto.
O custo total da obra e a factura paga pela “Confraria”
representam um esforço demasiado elevado para as contrapartidas que se podem
esperar. Tanto mais que não se trata de uma obra “de primordial importância”,
daquelas que a freguesia necessita urgentemente.
A “pompa e
circunstância” política que envolveu este acto, parece-nos exorbitante e desadequada:
mais festa do que motivo para festejar, mais “show” do que justificado e merecido regozijo.
Na verdade é uma obra de importância secundária e que em
nada melhora as condições de vida e o dia-a-dia da freguesia. Não resolve
nenhum problema estrutural, não responde a nenhuma carência efectiva, não
melhora a qualidade de vida nem o bem-estar da população. Contudo, no discurso
manhoso e metafórico dos políticos, e apenas aí, trata-se de uma obra de suprema
e incalculável importância.
Objectivamente pode perguntar-se:
Vai o povo da freguesia passar a viver melhor com esta obra?
Em que mudou o dia-a-dia das pessoas?
Qual o problema da freguesia que esta obra resolveu?
Num tempo em que se conservam, restauram e mimam as ligações
ao passado, quando, um pouco por todo o lado (por exemplo, em Lisboa), há um
esforço para manter e reabilitar os coretos, vale a pena questionar: de quem
seria a infeliz e soez ideia de destruir o coreto que ali existia?